
20 dezembro 2007
QUANDO UM HOMEM QUISER

16 dezembro 2007
ESPERA
As aulas acabaram...
14 dezembro 2007
EVENTOS: GEDEÃO NA VÍCIO DAS LETRAS
Sessão Poética dedicada a poemas de António Gedeão
Local:
Rua Dr. José Correia de Sá, nº59 , Feira
para saber mais sobre o local, como chegar e onde fica clicar aqui
Participação de vários intervenientes (incluindo eu próprio), e convívio salutar durante e no final. Quem puder, e lhe ficar a jeito, apareça e será bem vindo!
13 dezembro 2007
EXCESSO

06 dezembro 2007
UM SERÃO NA ALDEIA
Está tanto frio que imensas baforadas de um fumo espesso se tornam visíveis no ar nocturno, sempre que alguém se sente compelido a falar. Trata-se de um frio real, palpável, daqueles que se nos entranham nos ossos, até ao fundo, e embora se sinta no ar a humidade de chuva recente, o céu nocturno está estrelado. De vez em quando, escuta-se um cão a ladrar na noite.
Serão talvez onze e meia, mas parece mais tarde, tudo na aldeia se encontra no mais completo silêncio, e as poucas pessoas acordadas estarão talvez à lareira. Sente-se no ar um cheiro agradável e familiar a chaminé e a lenha queimada.
O Natal aproxima-se. Sente-se na atmosfera. Aqui sente-se mesmo, e tem a ver com clima e temperatura, a vegetação, as azeitonas que caem das oliveiras, os rostos das pessoas transidas de frio na noite, a quietude, o contexto geral... mesmo que não existam mais luzes, e mais montras e feriados, e muita gente a fazer compras, e mais programas na televisão. Sente-se e pronto, paira no ar e contagia e impregna todas as coisas.
Nunca vimos muita televisão na aldeia. Apetece mais conversar ao redor do lume, jogar umas cartas no café, ou então recolher a uma adega, ou mesmo ir para a cama mais cedo. Mas as noites no Inverno são forçosamente longas, e apetece sempre companhia, proximidade (como os animais num estábulo), para com isso aquecer ambos: corpo e alma.
Nas paredes e no tecto, pequenas ferramentas e artefactos, pendurados por pregos enferrujados ou em toscas prateleiras improvisadas com tábuas de madeira: artefactos usados na extracção da resina noutros tempos, pequenos pregos de madeira outrora usados nas velhas colmeias de cortiça, ferramentas diversas de carpintaria artesanal, serrotes, tesouras de podar, alicates, martelos... Numa das paredes, uma antiga canga de bois e uma albarda de um burro, ajudam a completar o quadro.
À direita, dois pipos já velhos e sem torneira. No lugar onde se deviam localizar as torneiras, um buraco tapado por sebo, que se abre de cada vez para o efeito através de um furo feito por um pau colocado ali perto. À esquerda, mais um conjunto de prateleiras de madeira, uma velha arca usada para salgar os presuntos e no canto, está claro, a pia onde se esmaga o vinho. Tudo isto, numa divisão apenas com uma pequena janela sem vidros, mas tapada por uma tábua de madeira tosca.
No meio, uma velha e pequena mesa de cozinha, toda em madeira e sem toalha, cujo tampo denota sinais de uso intensivo e marcas de navalhadas, em cima da qual repousa um covilhete com azeitonas, os copos sujos virados do avesso por sobre um pano, e um pão, com uma faca enterrada. Sorrio perante esta visão. Lembro-me do Eça: da cara aterrorizada de Jacinto, o hiper-civilizado, quando chegado à sua coutada serrana se deparou para o jantar com uma mesa quiçá semelhante a esta...
Toda a gente se procura sentar, ou encostar. À volta da mesa nada de cadeiras, apenas um banco de madeira desses usados para a matança do bácoro e uns cepos de lenha, à laia de bancos improvisados, num dos quais me sento.
Vai-se falando. O Ti Manel da Rua de Cima, queixa-se do desperdício que foi esta queda repentina de azeitonas das árvores e conclui que antigamente apanhavam-se muito mais tarde e não era nada disto. O João profere algo acerca da mudança dos tempos e das estações, e principia a falar de umas obras que anda a fazer na sua adega. Já o Chico, informa que vai apanhar todas as suas oliveiras durante a próxima semana, e que não espera ter muito azeite, mas que sabe de fonte segura que o seu vizinho, o Francisco, se safou este ano muito bem. O Quim, por sua vez, lamenta não o poder fazer tão cedo, dado ter que ir a Lisboa ver o filho, internado no hospital. Nisto, todos se juntam e indagam, e falam do filho do Quim, e do sobrinho do Ti António do Outeiro a quem morreu a mulher e depois da filha do Manel, que está na França. Saudades. Afinidades, esperanças, partilha... O João é mais novo... tem um filho que ainda mal entrou para o preparatório. Já o Artur, moço da minha idade, escuta a conversa em silêncio. Discorre-se sobre muitas coisas e nenhuma, e o que ninguém diz é que sabe bem estar ali.
E logo o Zé espeta o pau no buraco do pipo e serve vinho a todos, menos ao Ti Manel, que esse sempre foi mais dado a aguardente. E essa, o Zé tem sempre. E da boa, segundo diz.
Aceitei o copo de vidro já meio baço pelo uso (no qual muita gente teria repúdio de beber fosse o que fosse), e levei-o à boca. Na verdade, nunca gostei muito de um certo excesso de bebida que se ingere nestas ocasiões. Ao princípio parecia-me, ao ver beber em demasia estes homens meio brutos, de mãos rudes e calejadas e roupas ainda sujas do trabalho diário, que se tratava de uma coisa de bêbados, de um qualquer ritual bárbaro de brutos, toscos, arruaceiros... Mas depois aprendi, com o tempo, a ver que havia muito de autenticidade e sinceridade nas palavras que são proferidas nestas alturas, e percebi que a bebida nunca é um motivo em si mesmo, mas sim uma forma de exprimir um sentimento, de estar e partilhar um mesmo espaço, uma mesma conversa. E se acontece alguém exagerar, dá para rir e para brincar, ocasionalmente para umas zangas que passados uns dias já caíram no esquecimento pois toda a gente por aqui vive paredes meias e as zangas não podem durar eternamente... Mas estas pinceladas, como diria um pintor, são também parte do quadro, e fazem também o todo e a beleza da coisa.
Com estas considerações, levei o copo à boca e bebi. E como me soube bem! E a conversa prosseguiu, tocou vários assuntos, tristes, alegres ou banais, e continuou-se a beber e a comer azeitonas muito devagar mas persistentemente, para ajudar a pôr cá fora as palavras. Às vezes, entre uma frase e a outra, fazia-se um silêncio geral, mas ninguém parecia importar-se, ninguém parecia oprimido pelo silêncio e ninguém lamentava a falta de tempo, impaciente. O tempo aqui (penso sempre para mim) é diferente, parecemos ter mais tempo em todos os momentos, sentimo-nos mais capazes de deixar a vida fluir.
Despeço-me de todos, menos do Ti Manel, que me acompanha pois mora perto de mim. Caminhamos lado a lado em silêncio, na noite fria, as botas já velhas e rotas do Ti Manel a pisarem com ruído os paralelos da calçada. Avanço meio tonto, mas sem consequências físicas ou mentais de maior: antes pelo contrário, em paz por dentro, parece-me que aspiro melhor e com mais vivacidade o ar nocturno.
Chegados á sua porta, o Ti Manel virou-se e perguntou:
- Mais um, para a abalidiça?
- Não, Ti Manel, bem haja. A sua patroa está a dormir, e tem a adega por baixo da casa, não vale agora a pena acordá-la por coisa nenhuma. São horas de cama...
- Então, olha, não sei que te faça. Até amanhã!
- Até amanhã, até amanhã!
Dirijo-me para casa, mas não entro. Acendo um cigarro e sento-me perto da soleira da porta, com o simpático rafeiro por companhia. O odor forte a pinho molhado invade-me a alma, e aprecio os barulhos nocturnos, contemplo a sombra escura da serra que paira por sobre os telhados da aldeia. Toda a aldeia dorme (e essa ideia reconforta-me!) e eu e fico a ver as estrelas, brilhantes como nunca vi em mais lado nenhum.
04 dezembro 2007
AGENDA PRÓXIMOS EVENTOS
Hoje, dia o4 Dezembro, café-concerto da Casa das Artes (Câmara Municipal de Famalicão), cerca das 22 h
Festa do conto e da poesia (sessão mais ou menos intimista, com leituras, música e muita conversa)
Para informações clicar aqui
Amanhã, dia 05 de Dezembro, 21.30 h, Clube Literário do Porto
Apresentação do livro "Murmúrios Ventos" do poeta lisboeta Jorge Casimiro
Apresentação: Anthero Monteiro
Leituras: Luis Carvalho
Música: Carlos Andrade (guitarra) e Francisco (pianista habitual da Praça da Alegria)
Para informações clicar aqui
Segunda, dia 10 de Dezembro, 22 h, Bar Dominó do Casino de Espinho
Sessão mensal da Onda Poética, desta vez sob o tema "Chá, café, pastelaria"
30 novembro 2007
EVENTOS - POMBAS NO MINISTÉRIO DA DEFESA
Hoje (dia 30), pelas 21.30 h, Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia
Para morada e mais informações: Clicar aqui
POMBAS NO MINISTÉRIO DA DEFESA
Colagem com teatralização de textos e músicas sobre guerra e paz.
- Textos e músicas de diversos autores, numa colagem de Anthero Monteiro, com as participações de:
Ana Afonso, Anthero Monteiro, Luis Carvalho, Marta Tormenta e Rafael Tormenta. Música a cargo de Carlos Andrade.
Como (quase) sempre, entrada livre. Quem quiser aparecer, será bem vindo!
28 novembro 2007
PREFÁCIO PARA UM LIVRO DE POEMAS

Víamos - pelo lado menos sombrio do pensamento -
todo o sistema planetário.
Víamos o tremelicar da luz nas veias e o lodo das emoções
na ponta dos dedos.
O latejar do tempo na humidade dos lábios.
E a insónia, com seus anéis de luas quebradas
e espermas ressequidos.
As estrelas mortas das cidades imaginadas.
Os ossos [tristes] das palavras.
A noite cerca a mão inteligente do homem que possui
uma cabeça transparente.
Em redor dele chove.
Podemos adivinhar uma chuva espessa, negra, plúmbea.
Depois, o homem abre a mão, uma laranja surge, esvoaça.
As cidades (como em todos os livros que li) ardem.
Incêndios que destroem o último coração do sonho.
Mas aquele que se veste com a pele porosa da sua própria escrita
olha, absorto, a laranja.
A queda da laranja provocará o poema?
A laranja voadora é, ou não é, uma laranja imaginada por um louco?
E se a laranja cair? E o poema? E o poema com uma laranja a cair?
E o poema em forma de laranja?
E se eu comer a laranja, estarei a devorar o poema? A ficar louco?
[...]
E a palavra laranja existirá sem a laranja?
E a laranja voará sem a palavra laranja?
E se a laranja se iluminar a partir do seu centro,
do seu gomo mais secreto,
e alguém a [esquecer] no meio da noite - servirá
[o brilho] da laranja para iluminar as cidades há muito mortas?
E se a laranja se deslocar no espaço-
mais depressa que o pensamento,
e muito mais devagar que a laranja escrita-
criará uma ordem ou um caos?
O homem que possui uma cabeça de vidro
habita o lado de fora das muralhas da cidade.
Foi escorraçado.
[E] na desolação das terras, noite dentro,
vigia os seus próprios sonhos e pesadelos.
Os seus próprios gestos - e um rosto suspenso na solidão.
Onde mora o homem que ousou escrever com a unha na sua alma,
no seu sexo, no seu coração?
E se escreveu laranja no coração, a alma ficará saborosa?
E se escreveu laranja no sexo, o desejo aumentará?
Onde está a vida do homem que escreve, a vida da laranja,
a vida do poema - a Vida, sem mais nada - estará aqui?
No interior do meu corpo?
ou muito longe de mim - onde sei que possuo uma outra razão...
e me suicido na tentativa de me transformar em poema
e poder, enfim, circular liVremEnte
Al Berto
22 novembro 2007
O TEU RISO
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar o teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua, ri,
porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos vão,
quando voltam os meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
20 novembro 2007
QUARTAS MALDITAS - PRÓXIMA SESSÃO
15 novembro 2007
EU ROSIE, SE EU FALASSE, EU DIR-TE-IA...

10 novembro 2007
AUTOPSICOGRAFIA
04 novembro 2007
O CORVO

E a minh'alm, dessa sombra que no chão há mais e mais
24 outubro 2007
A SÓS COM TODA A GENTE

18 outubro 2007
QUE CULPA TERÃO AS ONDAS...
15 outubro 2007
EVENTOS - SESSÃO Nº 7 DAS QUARTAS MalDitas
Local: Clube Literário do Porto (na ribeira, entre o Mercado da Bolsa e a Alfândega)
13 outubro 2007
MACERAÇÃO

Pisa os meus versos, Musa insatisfeita!
09 outubro 2007
UM POEMA QUASE FICCIONADO
30 setembro 2007
ANJO ÉS
Anjo és. Mas que anjo és tu?
Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... - Lágrimas? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera...Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De onde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?
Almeida Garrett
E quem disse que poemas mais antigos não continuam, ainda, belos ?
28 setembro 2007
EVENTOS AMANHÃ (SÁBADO)
1 - "CONSTRUÇÃO"
Local: Casa Sindical, Porto (perto da estação de Campanhã), pelas 21 horas
Sessão de poesia e música semi-teatralizada, em torno do poema "Operário em Construção", de Vinicius de Morais. Adaptação de uma colagem de textos de Anthero Monteiro. Poemas e músicas de Ary dos Santos, Chico Buarque, Álvaro Feijó, Bertold Brecht, António Aleixo, Manuel Alegre, Zeca Afonso, entre outros.
Além da minha participação, conta ainda com Alexandra Mota, Amílcar Mendes, Carlos Jorge, Diana Devezas, Ana Ribeiro (voz e guitarra) e Carlos Andrade (voz e guitarra acústica). Espectáculo integrado na comemoração do 37º aniversário da CGTP-IN (Intersindical), mas aberto ao público em geral (entrada livre).
2- Apresentação do livro "Versos Nus", de Tiago Nené
Local: Magnolia caffé da Praça de Londres (Lisboa), 16 horas. Por sugestão de um amigo, autor do livro, deixo aqui a indicação, a quem puder ou estiver interessado em comparecer. Capa da famosa fotógrafa Paula Rosa e participação do grupo de teatro da Faculdade de Psicologia Univ. Lisboa.
3 - Apresentação do livro "No limiar das palavras", de Manuela Fonseca
Local: Biblioteca Municipal da Amadora (Rua Capitão Plácido de Abreu, Venteira) Tambem por sugestão de uma amiga. Prefácio de Rosa Maria Anselmo, apresentação a cargo de vera Silva.
4 - Apresentação do livro "Quadrar", de Fernando Morais
Local: Biblioteca Municipal de Gaia, 16 horas Livro da autoria de um amigo, que reúne textos que seleccionou de pessoas que foi conhecendo ao longo do seu trajecto.
ANIVERSÁRIO

27 setembro 2007
SER POETA

20 setembro 2007
LUGAR NENHUM

Chamaste-me
e eu chamei-te.
Encontrámo-nos os dois,
na meia-luz
e à meia-distância,
no ponto onde a luz não era luz
e as trevas não eram trevas,
mas tudo era luztrevas,
no ponto onde nada era tudo
e tudo era nada,
e não havia tudo nem nada.
No ponto enfim,
onde eu não era eu
e tu não eras tu,
mas eu era tu
e tu eras eu...
Ali ficámos, suspensos no tempo,
em sublime e mútua adoração.
Chegado a este ponto,
contar-vos- ia, talvez, a minha história,
acaso houvesse história
para contar.
Mas é difícil existir história
quando não há princípio nem fim,
e quando o fim é o princípio
e o princípio é o fim
e entre ambos, princípio e fim,
nada mais existe senão o
fim e o princípio deles próprios...
Na verdade, nunca existimos,
ali naquele lugar sem nome,
até ao momento em que, cruelmente,
fomos arrastados de volta a nós mesmos.
Saímos. Saí.
E de fora, não vislumbrava mais
a porta de entrada,
nem conseguia situar o local,
recuperados que estavam os meus conceitos geográficos.
Conclui, pois, que o local não cabia
na Geografia...
Tentei depois, uma vez mais, regressar,
até acabar por entender
que não era a mim que cabia
a escolha do tempo ou do lugar,
mas eram eles que me escolhiam.
Vinham, sem anúncio prévio
ou aviso preparatório,
envolver-me nos seus braços.
Geralmente quando,
incauto e descuidado,
me tivesse esquecido
da imensidade das coisas
que não controlo...
17 setembro 2007
POMBAS NO MINISTÉRIO DA DEFESA
Data: Quarta, dia 19, pelas 22 horas
Local: Clube Literário do Porto (entre o Infante e a Alfândega) http://www.clubeliterariodoporto.co.pt
Entrada livre, paga-se apenas o consumo - quem aparecer será bem vindo.
Semi-teatralização de uma colagem de textos e músicas sobre guerra e paz. Textos e músicas de autores diversos (Carlos Pinhão, Casais Monteiro, Prévert, Pessoa, Gedeão, Stephen Crane, Zeca Afonso, Pablo Neruda, e muitos mais).
Colagem da responsabilidade de Anthero Monteiro, com a participação do colectivo das Quartas MalDitas (Ana Afonso, Anthero Monteiro, António Pinheiro, Joana Padrão, Luis Carvalho, Mário Vale Lima, Rafael Tormenta e um convidado: Carlos Jorge) e ainda Carlos Andrade (guitarra e voz).
12 setembro 2007
OS POETAS

Nunca os vistes,
Sentados nos cafés que há na cidade,
Um livro aberto sobre a mesa e tristes,
Incógnitos, sem oiro e sem idade?
Com magros dedos, coroando a fronte,
Sugerem o nostálgico sentido
De quem rasgasse um pouco de horizonte
Proibido...
Fingem de reis da Terra e do Oceano
(E filhos são legítimos do vício!)
Tudo o que neles nos pareça humano
É fogo de artifício.
Por vezes fecham-lhes as portas
- Ódio que a nada se resume -
Voltam depois, a horas mortas,
Sem um queixume.
E mostram sempre novos laivos
De poesia em seu olhar...
Adolescentes! Afastai-vos
Quando algum deles vos fitar!
Pedro Homem de Mello