26 janeiro 2009

QUARTAS MALDITAS - PREDILECÇÕES


Quarta, 22.00 h
Clube Literário do Porto
(clicar para ver contactos e localização)

Tema: Predilecções (poemas da predilecção dos colaboradores e convidados)


Convidados: Minês Castanheira (poeta); José Veloso Rito (pianista)

Leitores e colaboradores:
Anthero Monteiro (coordenação); António Pinheiro; Diana Devezas; Isabel Marcolino; Luís Carvalho; Mário Vale Lima; Rafael Tormenta


Poesia. Música. Conversa.
Entrada gratuita.

15 janeiro 2009

POESIA DE CHOQUE

Esta Sexta, 21.30 h, Clube Literário do Porto (clicar para ver localização)

"A poesia não tem que ser a poesia dos prémios nem das honras nem das solenidades. Essa poesia existe. Respeitamo-la, mas não é dela que vamos tratar. Vamos tratar da poesia que incomoda, que se diz e se escreve a gritar, da poesia que vai contra a norma, da poesia daqueles que não se conformam com um mundo único e irreversível. Vamos tratar da poesia que fala do amor mas não o amor ingénuo e previsível, do amor como urgência do ser humano íntegro e integral. Vamos tratar da poesia que fala da liberdade sem limites, absoluta, da liberdade livre da criação. Vamos tratar da poesia que canta o decadente, o maldito, aquele que vive como poeta para lá das convenções, para lá das linhas rectas."

Bukowski, Nietzsche, Baudelaire, Sá-Carneiro, Pessanha, Condinho, Artaud, Morrisson, Cesariny, Campos e muitos mais.
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho.
Apareçam, se puderem.

14 janeiro 2009

MELOPEIA PARA UM FUTURO TALVEZ SIM


Um dia destes abrir-se-ão as portas
e entraremos todos na cidade
Um dia destes teremos um domingo
e haverá água límpida e potável

Um dia destes contaremos contos
de terrores antigos de perseguições
e poremos os verbos no passado
felizes de escaparmos ao massacre

Um dia destes o silêncio quebrará
para sair uma canção de amor
Um dia destes a noite abrir-se-á
e tu serás o rosto descoberto

Um dia destes poremos no zoológico
os últimos hipopótamos da cidade
e cortaremos o resto dos tentáculos
que nos mantêm à mercê do grande polvo

Um dia destes as palavras serão públicas
e não escreverão penas de morte
não servirão para mentir atraiçoar
para ferir os amigos ou matá-los

Um dia destes construiremos um museu
com os retratos do medo e da tortura
do diabo do crime da miséria
na galeria dos antepassados

Um dia destes teremos tempo de juntar
os bocados de nós próprios e colá-los
Um dia destes não seremos obrigados
a sempre recusar de mão fechada

Um dia destes tu serás tangível
e os meus dedos poderão desapertar-te
Um dia destes os quatro cavaleiros
estarão na cadeia sem cavalos

Um dia destes não será com juras
clandestinas que a esperança se fará
Um dia destes a fome não poderá
comprar de novo lâminas de barba

Um dia destes abrir-se-ão as portas
e dançaremos nas ruas da cidade
Um dia destes beberemos todos
a cerveja da alegria e da amizade

Um dia destes secarão as lágrimas
e teremos cartas vindas da Europa
Um dia destes a vida será fértil
e o dia seguinte estará sempre aberto

Meus amigos meu amor
Um dia destes...



Egito Gonçalves
.
Fotografia: Aurora Boreal, no Alasca.
.
NOTA: Não resisti a colocar este fantástico poema de esperança, num começo de novo ano em que, em todos os quadrantes, se fala apenas de perspectivas negativas. Haverá um dia destes. É preciso acreditar.

Contador Grátis Visitas desde 15/01/11