27 março 2009

POESIA E SAPATOS


De bruços me debruço mais ainda
até sentir os olhos tumefactos,
para saber até que ponto é linda
a intrigante cor desses sapatos

que às tuas pernas dão um brilho tal
e uma leveza tal ao teu andar
que eu penso (embora aches anormal)
que nunca te devias descalçar.

Também porquê, se já não há verdura
nem tu és Leonor para correr
descalça, no poema, à aventura?

O mais difícil, hoje, é antever
quem é que vai à fonte em literatura
e que água dá aos versos a beber.



Joaquim Pessoa

24 março 2009

QUARTAS MALDITAS - LUA



Amanhã (dia 25 Março) 22 h
Clube Literário do Porto
(clicar para ver contactos e localização)

Tema: Desapareceu Dona Lua
(poemas sobre lua e luar)



Convidados: Rosa Brandão (pianista) e Carlos Andrade (voz e guitarra acústica)


Leitores e colaboradores:
Anthero Monteiro (coordenação); António Pinheiro; Diana Devezas; Isabel Marcolino; Luís Carvalho; Mário Vale Lima; Marta Tormenta, Rafael Tormenta


Poesia. Música. Conversa.
Entrada gratuita.

18 março 2009

POESIA NO AR - O MISTÉRIO DA POESIA

Sessão nº4 ( clique na imagem para ampliar)Sexta (dia 20), pelas 21.30 h - Ar de Café
.
Poesia. Música. Conversa.

Música pelos convidados: Hélder Sottomayor, Henrique Monteiro; Valdemar Monteiro
Sessão de participação livre.

O Ar de Café fica na Rua de Goa nº 109, em Ermesinde. Para saber onde fica e outras questões: 93 256 6517. Ou então, ver um mapa de como chegar ao clicar AQUI

12 março 2009

POESIA DE CHOQUE - SESSÃO Nº3

Sexta (dia 13), 21.30 h, no Clube Literário do Porto

"A poesia não tem que ser a dos prémios nem das honras nem das solenidades. Essa poesia existe. Respeitamo-la, mas não é dela que vamos tratar. Vamos tratar da poesia que incomoda, que se diz e se escreve a gritar, da poesia que vai contra a norma, da poesia daqueles que não se conformam com um mundo único e irreversível. Vamos tratar da poesia que fala do amor mas não o amor ingénuo e previsível, do amor como urgência do ser humano íntegro e integral. Vamos tratar da poesia que fala da liberdade sem limites, absoluta, da liberdade livre da criação. Vamos tratar da poesia que canta o decadente, o maldito, aquele que vive como poeta para lá das convenções, para lá das linhas rectas."

Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho.
Música por um convidado.
Apareçam, se puderem.

ONDA POÉTICA - ÁRVORES PARA ABRAÇAR

Quinta, dia 12 (hoje), 21.30 h
Sala das sessões da Junta de Freguesia de Espinho

Sessão nº122
Leitura de poemas pelos participantes
Interlúdios musicais: Carlos Andrade


Para ver morada e contactos da Junta, clicar AQUI
Para ver localização na cidade de Espinho, clicar AQUI
Para ver horários de comboios a partir do Porto ou Aveiro, clicar AQUI

09 março 2009

CARTA DE ÉMILE; CARTA A ÉMILE


Carta de Émile

a minha cidade tinha um rio
donde sobe hoje o cheiro a corações de lodo
e um enflúvio de enxofre e de moscas cercando
as cabeças dos vivos


as pontes
as que vi ruírem nas imagens dos jornais
continuam de pé algures na memória


mas não podíamos sair dali
ir falar ou trocar fosse o que fosse – ou resistir
porque não tínhamos nada para trocar excepto
a fome e a vontade inabalável de viver


nem pão nem balas
nem esperança – e cada um de nós metamorfoseou-se
num cemitério ambulante
– cada um de nós
sepultou na alma uma quantidade desumana
de dor e de mortos


tudo se decompõe
apodrece
e as mãos enterram-se no estrume das horas – assim
te escrevo
sentado na parte mais triste do meu corpo
noite dentro
a boca a encher-se-me de ossos – até que irrompa a manhã
e os tiros recomecem
e a cinza do cigarro caia no chão
e em mim cresça uma alegria maligna


(...)

Carta a Émile

a guerra daqui não mata – mas abre fissuras
nos nervos – é o que te posso dizer
deste país que escolhi para definhar


a cidade é um amontoado de lixo de tapumes
de sucata e de casas que se desmoronam
a realidade estragou os olhos das crianças


no fim do corpo em que me escondo espalhou-se
a treva onde
guardo a corola azulínea de tua ausência


e o marulho nítido de um mar que canta
e um calor sísmico nos lábios que beijaste


é-me difícil continuar a escrever-te
o que me destrói – sei que estou fodido
e tu já não és meu
preparo-me para entreabrir os olhos e
deixar escorrer a convulsão oleosa das lágrimas
e das coisas tristes



Al Berto

Imagem: Joakim Buchwald, Valby (Dinamarca)

05 março 2009

POESIA NO AR - UMA FLOR NASCEU


Sexta (dia 6), pelas 21.30 h - Ar de Café (Ermesinde)

Poesia. Música. Conversa.
Sessão de participação livre.

O Ar de Café fica na Rua de Goa nº 109. Para saber onde fica e outras questões: 93 256 6517. Ou então, ver um mapa de como chegar ao clicar AQUI

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