28 dezembro 2011

EPÍLOGO

Estas páginas foram escritas a caminhar sobre a água, e só assim se podem ler. Não procurei nada, não retive nada. Limitei-me a acusar o choque — brutal, por vezes — de um grão de pólen ou de uma brisa inesperada.

Não conheço outro ritmo que não seja o das estações. Outra música que não a das gotas de chuva nos limoeiros. Outra fuga que não a de um pássaro assustado com a sua própria sombra.

No fundo, o que me recuso a acreditar é que estejamos condenados. Apesar dos prados envenenados, da lenta agonia dos rios e do mar. Da atmosfera cada vez mais carregada das cidades. Contanto que a poesia seja — continue a ser —

um lugar
onde ainda se pode
respirar


Jorge de Sousa Braga

20 outubro 2011

POESIA DE CHOQUE (26)

 Hoje, Quinta (dia20), 22.00 h
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho
Convidados: Vítor Carvalhais e Teixeira Moita (piano)

Apareçam! Mais informações ao clicar AQUI
Site do evento no facebook AQUI

15 outubro 2011

POESIA EM PENAFIEL

 Hoje à noite dia 15, 21.30 h
Penafiel 
21.30H Galeria Gabinete (Rua Alfredo Pereira, nº3)
23.00H EP Estúdio Café (Rua do Paço, nº54)
 

Organização: Galeria Gabinete/ EP Estúdio Café/ Ass. Dor de Burro
Poesia dita por: Ana Almeida Santos, Luís Carvalho, Reinaldo Santos (entre outros)
Música: Rui Paulino David  

Paralelo à homenagem de que Mia Couto será alvo por parte do ESCRITARIA.
Evento parcialmente transmitido online, se clicarem AQUI
Página do evento no facebook, clicar AQUI
Direcções de condução, clicar AQUI


Apareçam se estiverem por lá, ou se quiserem visitar Penafiel!

03 outubro 2011

QUARTAS - POESIA E PINTURA


Quarta dia 05, 22 horas
(Clube Literário do Porto)  
Sessão mensal das Quartas Mal Ditas

Coordenação: Anthero Monteiro
Convidado: Fernando Gaspar
Leituras por: Amílcar Mendes, Ana Almeida Santos, Anthero Monteiro, António Pinheiro, Cláudia Pinho, Luís Filipe Carvalho e Rafael Tormenta
Música: Rui Paulino David
Colaboração: Fátima Lopes

Apareçam!

26 setembro 2011

ENTRE BUENOS AIRES E MENDOZA

 
Onde estão os teus poetas, América?
 
Onde estão eles que não vêem o alarido 
construtor dos teus portos, 
onde estão eles que não vêem essas bocas 
marítimas que te alimentam de 
homens
que atulham de combustível as fornalhas 
dos teus caldeamentos
onde estão eles que não vêem todas essas 
proas entusiasmadas, 
e esses guindastes e essas gruas que se 
cruzam
e essas bandeiras que trazem a maresia 
dos fiordes e dos golfos
e essas quilhas e esses cascos veteranos 
que romperam ciclones e pampeiros
e esses mastros que se desarticulam, 
e essas cabeças nórdicas e mediterrânicas
que os teus mormaços vão fundir em 
bronze,
e esses olhos boreais encharcados de luz
e de verdura,
e esses cabelos muito finos que procriarão 
cabelos muito crespos, 
e todos esses pés que fecundarão os teus 
desertos!
 
Teus poetas não são dessa raça de servos
que dançam no compasso de gregos 
e latinos,
teus poetas devem ter as mãos sujas de
terra, de seiva e limo,
as mãos da criação!
E inocência para adivinhar os teus
prodígios.
e agilidade para correr por todo o teu
corpo de ferro, de carvão, de cobre, de 
ouro, de trigais, milharais e cafezais! 
 
Teu poeta será ágil e inocente, América!
a alegria será a sua sabedoria,
a liberdade será a sua sabedoria,
e sua poesia será o vagido da tua própria
substância, América, da tua própria 
substância lírica e numerosa. 
 
Do teu tumulto ele arrancará uma energia
submissa,
e no seu molde múltiplo todas as formas
caberão,
e tudo será poesia na força da sua
inocência.
 
América, teus poetas não são dessa raça
de servos que dançam no compasso de 
gregos e latinos!



Ronald de Carvalho
(foto: paisagem perto de Cordoba, Argentina; autor: Gabriel Robledo, Buenos Aires, Argentina) 

Nota: poeta brasileiro falecido em 1935. Foi, em conjunto com Luís de Montalvor, director do primeiro número da revista literária Orpheu, publicada em Lisboa em Março de 1915. Esta revista, polémica à época (publicaram-se apenas dois números), introduziu em Portugal o movimento modernista, num projecto a que estavam associados futuros nomes importantes das letras e das artes (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada-Negreiros, Amadeu de Souza Cardozo, etc). Para biografia, clicar AQUI.

15 setembro 2011

POESIA DE CHOQUE (25)

 Hoje, Quinta (dia15), 22.00 h
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho

Apareçam! Mais informações ao clicar AQUI
Site do evento no facebook AQUI

03 agosto 2011

O PALÁCIO DA VENTURA


Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!


Antero de Quental
(foto: portões de palácio em Fez - Marrocos; autor: Martin E. Jones, Penarth, Reino Unido) 



Nota: Às vezes, poesia dos nossos mais antigos também vem a propósito. Hoje, lembrei-me deste poema, que conheço há muito tempo, ao ouvir por acaso "Cavaleiro andante", música cantada por Rui Veloso.

21 julho 2011

POESIA DE CHOQUE (24)

 Hoje, Quinta (dia 21), 22.00 h
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho

Apareçam! Mais informações ao clicar AQUI
Site do evento no facebook AQUI

05 julho 2011

POESIA NA TABERNA - A CRISE, A VIDA & A POESIA

Sexta, 08 deJulho
Quem quiser ir até lá, libertar a cabeça um pouco da crise (ou não!), apareça que será bem-vindo! . Para saber onde fica o local da sessão, clicar AQUI 
Música (durante e após) por Carlos Andrade

Jantar antes da sessão (mediante reserva aqui ou no grupo do Facebook):
21.00 h

Sessão aberta a todos:
22.30 h

Página do evento no facebook, clicar AQUI

Blogue do evento, clicar AQUI 

29 junho 2011

NÃO TENHAS


Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.

Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.

Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste. 

Senta-te ao sol. Abdica.
E sê rei de ti próprio.




Ricardo Reis
(fotografia: anónimo, EUA)

03 junho 2011

DÁDIVA

à minha frente e à minha vista
os castelos desmoronam-se 
diariamente
e eu fico aqui impotente
a ver tudo ruir
não fosse este maldito instinto 
para permanecer
e também decerto acabaria por cair
definitivamente
assim
mil e uma vezes 
beijo o pó deste caminho
e mil e uma vezes 
me levanto combalido
com o peito cansado e oprimido
para continuar a arrastar-me pelas veredas
sem rumo e sem sentido definido
como barco vogando 
ao sabor das tempestades
desconheço já praticamente tudo 
daquilo que sou
todas as minhas saudades
e vontades
e todos os dias me dou
me sacrifico a um deus desconhecido
e a outras mais estranhas divindades
neste mar imenso 
difícil é achar um porto de abrigo
mas afinal nada tenho de que me queixar
pois sou eu quem todos os dias
me talho e lanço ao mar
numa ânsia de novos orientes
e agora em tudo o que digo
inclusive nestas frases reluzentes
raramente encontro motivos ou razões
excepto esta angústia 
que me move e me atravessa
esta estagnação 
disfarçada de urgência ou pressa
com que tomo cafés 
e acendo cigarros todos os dias
o tempo...
o tempo existe para se queimar
para se ver passar
lentamente
e sem grandes espasmos na alma
mas na verdade o meu tempo
não passa 
arrasta-se penosamente...
não suporto mais este meu tempo
esta vida estas frases
este lamento
a urgência é grande pela libertação
e a libertação
impõe-se pelas várias ausências
e são estas e outras violências
que me movem
Cárcere do ser cárcere do pensar não haverá libertação de ti?
ah não nenhuma nem a morte!
teria porventura razão o Campos
mas entretanto adormeço
permaneço
anestesiado 
enterro estes meus prantos
num canto mais recôndito num sótão
numas águas furtadas
e a luz das diferentes manhãs
e o orvalho das diversas madrugadas
continuam a suceder-se impiedosamente
a atravessar este meu corpo inerte
estes meus membros marmóreos
e estes meus olhos vitral...
e é a elas que eternamente me dou
numa dádiva
incessante e imutável
já muito para lá
do próprio ritual...


Luís Beirão
(fotografia: Ana Almeida Santos)


01 junho 2011

QUARTAS - POESIA SOBRE CARRIS

Hoje, 22 horas
(Clube Literário do Porto)  
Sessão mensal das Quartas Mal Ditas

Guião / Coordenação: Anthero Monteiro
Leituras por: Amílcar Mendes, Ana Almeida Santos, Anthero Monteiro, António Pinheiro, Cláudia Pinho, Diana Devezas, Luís Filipe Carvalho e Rafael Tormenta
Música: Rui Paulino David

Apareçam!

27 maio 2011

POESIA NA TABERNA - TEMA LIVREI


Hoje, 27 de Maio
Quem quiser ir até lá, libertar-se um pouco, esvoaçar à vontade  e beber um copo livremente, apareça que será bem-vindo! . Para saber onde fica o local da sessão, clicar AQUI 
Música (durante e após) por DJ Dirty Vinyl

Sessão aberta a todos:
22.00 h

Página do evento no facebook (actualizada de 15 em 15 dias), clicar AQUI

Blogue do evento, clicar AQUI 

18 maio 2011

POESIA DE CHOQUE (23)

 Amanhã, Quinta (dia 19), 22.00 h
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho

Poesia: A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho
Música por: Isabel Amaral e elementos do grupo

Apareçam! Mais informações ao clicar AQUI
Site do evento no facebook AQUI

11 maio 2011

POESIA NA TABERNA - FIA-TE NA VIRGEM... E NÃO CORRAS

Amanhã, 12 de Maio
Quem quiser ir até lá, assistir à missa, participar da comunhão (no sentido verdadeiro do termo) e beber uns cálicezitos, apareça que será bem-vindo! . Para saber onde fica o local da sessão, clicar AQUI 

Sessão aberta a todos:
22.00 h

Jantar antes da sessão (desta vez e pontualmente, só para quem se juntar no Porto, e se inscrever antes da partida):
Obrigatória reserva antes de Quinta às 13 h através de post no evento no facebook, ou neste blog (clicar).

Hora do jantar: 20 h, junto ao Teatro do Campo Alegre (saída para S. João da Madeira pelas 21 h); 5 a 7 Eur/pessoa (sujeito a consumos de sobremesas/digestivos), com contas a serem feitas após jantar no local.

06 maio 2011

UM EPÍLOGO

 
Quando estes poemas parecerem velhos,
e for risível a esperança deles:
já foi atraiçoado então o mundo novo,
ansiosamente esperado e conseguido
- e são inevitáveis outros poemas novos,
sinal da nova gravidez da Vida
concebendo, alegre e aflita, mais um mundo novo,
só perfeito e belo aos olhos de seus pais.

E a Vida, prostituta ingénua,
terá, por momentos, olhos maternais.
 


Jorge de Sena
(Imagem original: Shlomit Wolf, Jerusalém - Israel)

Nota: Nestes tempos, em que mais do que nunca vemos a iminência da mudança a bater-nos à porta (para não dizer na face, e quem sabe - o futuro o dirá - com violência), relembro este poema. Lembro também Aldous Huxley e George Orwell... Mas mais do que a lembrança, a ânsia por novos poemas, e novos discursos...

27 abril 2011

POESIA NA TABERNA - POESIA "REAL" (REGICÍDIOS INCLUÍDOS)

(clicar na imagem para ver maior)
Quem quiser ir até lá, beber um copo real e juntar-se a esta estranha corte, é bem-vindo. Música, poesia e um bom ambiente. Para saber onde fica, clique AQUI 
A sessão de poesia e convívio começa às 22.30 h, aberta à participação de todos.
Para os interessados, está previsto jantar antes perto do local, pelas 21 h. Reservas deverão ser feitas idealmente até Sexta à hora de almoço para beirao@hotmail.com 

18 abril 2011

POESIA DE CHOQUE (22)

 Quinta (dia 21), 22.00 h
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho

Apresentação do projecto: "Em Cada Rosto Igualdade", levado a cabo pela AJA (Norte) e as Associações “A Cadeira de Van Gogh” e “Os Cadernos do Caos”
Intervenções: Edite Cardoso, José Carlos Costa, António Domingos, Judite Almeida (entre outros) e elementos da Poesia de Choque
Música por: Gabriela Marques, Emanuel Pereira, Gil Pereira

Apareçam! Mais informações ao clicar AQUI
Site do evento no facebook AQUI

13 abril 2011

POESIA NA TABERNA - LUA, ESTRELAS & OUTRAS COISAS ASTRAIS

(clicar na imagem para ver maior)

Quem quiser ir até lá, beber um copo, e divagar um pouco pelos astros, é bem-vindo. Música, poesia e um bom ambiente. Para saber onde fica, clique AQUI 
A sessão de poesia e convívio começa às 22.30 h, aberta à participação de todos.
Para os interessados, está previsto jantar antes perto do local, pelas 21 h. Reservas deverão ser feitas idealmente até Sexta à hora de almoço para beirao@hotmail.com 

07 abril 2011

OS MOTINS (THE RIOTS)


Vi esta cidade arder duas vezes
durante a minha vida
e a coisa mais notável
foi a chegada 
dos políticos
no dia seguinte
proclamando os erros
do sistema
e exigindo novas políticas
a favor e para
os pobres.

nada foi corrigido 
da última vez.
nada será corrigido
desta vez.

os pobres continuarão pobres.
os desempregados 
continuarão a ser desempregados.
os sem-abrigo
continuarão a ser sem-abrigo.

e os políticos,
gordos sobre a terra,
viverão muito bem.


Charles Bukowski
(Fotografia: Patrick Hajzler, Seine et Marne, França)


Nota: como sempre, aconselha-se consulta do original. Tradução a partir do inglês e eventuais realces de palavras são da minha responsabilidade.Para quem tiver curiosidade, consultar o original em inglês AQUI.

29 março 2011

POESIA NA TABERNA - MÁSCARAS, DISFARCES & MENTIRAS

 (clicar na imagem para ver maior)

Quem quiser ir até lá, beber um copo, dar duas de treta e contar umas patranhas, é bem-vindo. Música, poesia e um bom ambiente. Para saber onde fica, clique AQUI 
A sessão de poesia e convívio começa às 22.30 h, aberta à participação de todos.
Para os interessados, está previsto jantar antes perto do local, pelas 21 h. Reservas deverão ser feitas idealmente até Quinta ao final do dia para beirao@hotmail.com 

23 março 2011

POEMA DA ETERNA PRESENÇA

Estou, nesta noite cálida, deliciadamente estendido sobre a relva,
de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,
que as dimensões do infinito não me perturbam.
(O infinito!
Esta incomensurável distância de meio metro
que vai desde o meu cérebro aos dedos com que escrevo!)
O que me perturba é que o todo possa caber na parte,
que o tridimensional caiba no dimensional, e não o esgote.

O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo.
E em mim continuaria a caber se me cortassem braços e pernas
porque eu não sou braço nem sou perna.

Se eu tivesse a memória das pedras
que logo entram em queda assim que se largam no espaço
sem que nunca nenhuma se tivesse esquecido de caír;
se eu tivesse a memória da luz
que mal começa, na sua origem, logo se propaga,
sem que nenhuma se esquecesse de propagar;
os meus olhos reviveriam os dinossáurios que caminham sobre a Terra,
os meus ouvidos lembrar-se-iam dos rugidos dos oceanos que engoliram continentes,
a minha pele lembrar-se-ia da temperatura das geleiras que galgaram sobre a Terra.

Mas não esqueci tudo.
Guardei a memória da treva, do medo espavorido
do homem da caverna

que me fazia gritar quando era menino e me apagavam a luz;
guardei a memória da fome;
da fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez estender os lábios sôfregos para mamar quando cheguei ao mundo;
guardei a memória do amor,
dessa segunda fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez desejar a mulher do próximo e do distante;
guardei a memória do infinito,
daquele tempo sem tempo, origem de todos os tempos,
em que assisti, disperso, fragmentado, pulverizado,
à formação do Universo.

Tudo se passou defronte de partes de mim.
E aqui estou eu feito carne para o demonstrar,
porque os átomos da minha carne não foram fabricados de propósito para mim
Já cá estavam.
Estão.
E estarão.


António Gedeão
(Fotografia: Gozde Otman, Istambul, Turquia)


Nota: como sempre, aconselha-se consulta do original, realces são da minha responsabilidade.

21 março 2011

POESIA DE CHOQUE - ECOS DA ÚLTIMA SESSÃO



Aqui fica, para os interessados, a pequena reportagem feita pela LUSA para o Canal de Notícias do SAPO. Para lerem a notícia completa, podem clicar AQUI.

14 março 2011

POESIA DE CHOQUE (21)

 Quinta (dia 17), 22.00 h
Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho

Apresentação do livro: "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" de A. Pedro Ribeiro
Intervenção: Suzana Guimaraens
Passagem de música por: DJ Dirty Vinyl (Luís Oliveira)

Apareçam! Mais informações ao clicar AQUI

09 março 2011

POESIA NA TABERNA - MULHER & POESIA

(clicar na imagem para ver maior) 
Café e Livraria Gato Vadio (Porto)

Quem quiser ir até lá, beber um copo e juntar-se a este momento de poesia e conversa, é bem-vindo. Música, poesia e um bom ambiente. Para saber onde fica no Porto, clique AQUI

03 março 2011

DISTANTE MELODIA

Num sonho de Íris morto a oiro e brasa,
Vem-me lembranças doutro Tempo azul
Que me oscilava entre véus de tule -
Um tempo esguio e leve, um tempo-Asa.

Então os meus sentidos eram cores,
Nasciam num jardim as minhas ânsias,
Havia na minha alma Outras distâncias -
Distâncias que o segui-las era flores...

Caía Oiro se pensava Estrelas,
O luar batia sobre o meu alhear-me...
- Noites-lagoas, como éreis belas
Sob terraços-lis de recordar-me!...

Idade acorde de Inter-sonho e Lua,
Onde as horas corriam sempre jade,
Onde a neblina era uma saudade,
E a luz - anseios de Princesa nua...

Balaústres de som, arcos de Amar,
Pontes de brilho, ogivas de perfume...
Domínio inexprimível de Ópio e lume
Que nunca mais, em cor, hei-de habitar...

Tapetes de outras Pérsias mais Oriente...
Cortinados de Chinas mais marfim...
Áureos Templos de ritos de cetim...
Fontes correndo sombra, mansamente...

Zimbórios-panteões de nostalgias,
Catedrais de ser-Eu por sobre o mar...
Escadas de honra, escadas só, ao ar...
Novas Bizâncios-Alma, outras Turquias...

Lembranças fluídas... Cinza de brocado...
Irrealidade anil que em mim ondeia...
- Ao meu redor eu sou Rei exilado,
Vagabundo dum sonho de sereia...


Mário de Sá-Carneiro
(Fotografia: Ana Almeida Santos

Nota: como sempre, aconselha-se consulta do original, realces são da minha responsabilidade.

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