10 abril 2007

PAISAGEM


Nada mais me resta
Senão a certeza,
Esta única certeza firme
E sólida,
De que a minha alma está insatisfeita
E busca em todos os rostos,
Em toda a parte, algo,
Alguma coisa, uma voz que diga:
Aqui estou.
Aqui está.
Esta a tua cura,
Aquilo que toda a vida tens buscado.
*
Algo que possa mover-me,
Comover-me,
Fazer-me sair desta apatia,
Desta falta de gosto pela acção,
Que não é natural
Mas antes premeditada,
Fundamentada
No princípio de que nada...
*
Nada vale a pena!
*
Em todo o lado,
Em toda a gente,
Encontro apenas rotina,
O standard, o normalizado.
E a minha boca sequiosa pede água,
(Apenas um travo!)
Anseia por um oásis ou um lago
Em pleno deserto...
*
Entretanto, o céu continua
De um tedioso azul,
O sol continua a bater odiosamente
Na minha cabeça,
E a areia prolonga-se
Até ao infinito...
Sempre a mesma...
Sempre a mesma...
E quando tento lançar um grito,
Ele ecoa no vazio,
Dilui-se num mar de azul,
Esmorece afogado no nada.
*
E a paisagem permanece...
Inalterada.
*
De dia, o sol entediante e abrasador,
E à noite sempre o mesmo frio.
*
E no horizonte,
Não surge nenhum mastro,
De nenhum navio....

Luis Beirão

4 comentários:

Anónimo disse...

Sinto o mesmo hoje...


AGB

Luis Beirão disse...

Pois... identificação com alguém suponho é sempre bom. Sentir-se assim é que por vezes não será, certo?

Anónimo disse...

Sim, não será...mas hoje o dia já sorri de novo para mim...e para ti?

AB

Luis Beirão disse...

Menos mal...


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