Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem p'ra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim p'ra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos p'ra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
Florbela Espanca
Nota: A imagem é a célebre fotografia de Robert Doisneau "Le Baisier de L'Hôtel de Ville", Paris, 1950. Esta imagem foi imortalizada e perpetuada depois como poster e ícone romântico, embora na altura, inserida num trabalho para a revista "Life" ninguém lhe tenha ligado, e tenha ficado esquecida. Ironicamente e apesar daquilo que aparenta, a imagem não foi espontânea, mas sim um casal que se dispôs a posar de acordo com indicações do fotógrafo.
13 comentários:
Já sabes que gosto muito de Florbela...
E o que é feito de ti?
beijinho
CSD
Olá, Luís
mais um belo poema, com um misto de doçura, paixão, amor... e ao mesmo tempo um amor discreto, distante, que mantém o mistério!
Alguém que quer manter a chama acesa, ou alguém que tem medo da não correspondência...
Belo, misterioso, dinâmico, profundo!
Fantástico!
Beijocas
Olá Ana,
Particularmente, não sou um muito grande apreciador do género poético da Florbela, mas é indiscutível que ela deixou marcos importantes. E este poema é interessante.
Bjs
Olá Cláudia,
Pois, tu e a Florbela ;-).
Eu sigo, no mesmo sítio de sempre. Infelizmente, nunca mais arranjas tempo para uma visitinha à Invicta, o que é lamentável :-).
Bjs, tudo de bom.
A dor de um amor que poderá nunca vir a ser meu.
Este para mim é "o poema" de Florbela Espanca
Olá Skyla,
(fico contente por teres passado)
Tens razão. De facto, este poema é representativo da poesia da Florbela em geral.
Bjs
Assumidamente sou uma apreciadora do género poético da Florbela. E este, dos versos, está lá.
Beijinho.
Olá Cláudia!
Bons olhos te... leiam.
Gosto do poema, tal como de muitos da Florbela. Embora, não seja o maior dos seus apreciadores (o que não quer dizer que o não aprecie, simplesmente tenho maiores preferências noutra direcção), tal como ressalvei acima.
Já agora: atentaste na foto? O último tango, certo? ;-)
Bjs
De facto continuo a pensar que o poema é lindíssimo. Gosto dos poemas da Florbela. Gosto da maneira como descreve o amor.. embora retrate a sua forma fugaz e distante. Já na escola gostava imenso. Mas, o que te levou a colocar este poema? já que não és grande apreciador...
beijocas e tudo de bom
Olá Ana,
Ressalvei apenas que há outros géneros e outras obras das quais gosto mais, não que não gosto da poesia da Florbela. Em todo o caso, este poema é belíssimo.
Bjs
Sim é de facto belíssimo!
Reforça o valor do amor por si, e a sua dimensão importantíssima, muito para lá do físico, para lá do beijo, para lá do aspecto meramente da paixão!
Bjs
Uma surpresa maravilhosa encontrar aqui este poema da grandiosa Florbela, que eu adoro por demais!
Obrigada Luís, por toda a partilha!
Beijinhos
Vera
Vera,
Há sempre muita gente a apreciar imenso Florbela. Foi com gosto que coloquei aqui este poema, e ainda bem que pudeste alegrar-te ao encontrá-lo. Era também isso que gostaria que se tornasse este espaço. Uma espécie de arquivo/biblioteca de poemas soltos de vários autores, onde cada um pudesse encontar algo de que gosta, ou um "pedaço de alma" a que pudesse chamar seu.
Bjs
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