Menino que vais na rua,
não cantes nem chores: berra!
Cospe no céu e na lua
e aprende a pisar a terra.
Aprende a pisar o Mundo.
Deixa a lua aos violinos
dos olhos dos vagabundos
e dos poetas caninos.
Aprende a pisar a vida.
Deixa a lua às costureiras
- pobre moeda caída
de quem não tem algibeiras.
Aprende a pisar no chão
o silêncio do luar
sem sentir no coração
outras pedras a gritar.
Pisa a lua sem remorsos,
estatelada no solo...
Não hesites! Quebra os ossos
dessa criança de colo.
Pisa-a, frio, com coragem,
sem olhos de serenata:
que isso que vês na paisagem
não é ouro nem é prata.
Menino que vais na rua,
não chores, nem cantes: berra!
ou, então, salta p'rá lua
e mija de lá na terra.
não cantes nem chores: berra!
Cospe no céu e na lua
e aprende a pisar a terra.
Aprende a pisar o Mundo.
Deixa a lua aos violinos
dos olhos dos vagabundos
e dos poetas caninos.
Aprende a pisar a vida.
Deixa a lua às costureiras
- pobre moeda caída
de quem não tem algibeiras.
Aprende a pisar no chão
o silêncio do luar
sem sentir no coração
outras pedras a gritar.
Pisa a lua sem remorsos,
estatelada no solo...
Não hesites! Quebra os ossos
dessa criança de colo.
Pisa-a, frio, com coragem,
sem olhos de serenata:
que isso que vês na paisagem
não é ouro nem é prata.
Menino que vais na rua,
não chores, nem cantes: berra!
ou, então, salta p'rá lua
e mija de lá na terra.
José Gomes Ferreira
Fotografia: Harrison Keely (Cleveland, E.U.A.)
8 comentários:
forte.
csd
Bastante, Claúdia!
É típico do Gomes Ferreira ;-)
José Gomes Ferreira era a minha paixão poética dos 15 anos. A sua raiva encaixava bem com a minha revolta da adolescência.
Aqui vai um dos que li nessa altura:
(À infalível prostituta, a um canto)
'Se eu quisesse, tornava-te humana.
Fazia-te chorar
as lágrimas que trago em mim.
E beijava-te na boca
a menina que ainda existe
no fundo dos teus olhos.
Mas não quero.
Prefiro ver no teu corpo
o desenho da minha indiferença.
E sentir-te na pele
tudo o que há de vil na mnh'alma
- e já não cabe em mim.'
In Cabaré, 1933
Beijos
Luísa
uma flor do mal...na poética lusa.
e ainda bem...!
csd
Boa expressão Claudia! De qualquer forma convém nunca perderemos uma certa dose de revolta, de insubmissão.
Luisa
Luísa/ Claúdia,
É bem verdade que o realismo do Gomes Ferreira possui revolta e desencanto qb, e também um apelo a uma nova atitude perante a vida e perante as coisas - uma atitude de luta, de não à imobilismo, e de revolta.
Sobre o poema que deixaste Luísa, não deixa de ser curioso: ainda há tempos me lembrava de um poema que tenho "A alma das putas" e que aqui há tempos experimentei com a famosa "Geni" da ópera do Malandro.
Coincidências.
Bjs,
Luis
E se "berrarmos" todos juntos, concerteza será melhor!
beijinho
Gabi,
(quase) Tudo, juntos, é sempre melhor!
Bjs
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