15 julho 2009

PEÇO A PAZ


Peço a paz
e o silêncio

A paz dos frutos
e a música
de suas sementes
abertas ao vento

Peço a paz
e meus pulsos traçam na chuva
um rosto e um pão

Peço a paz
silenciosamente
a paz a madrugada em cada ovo aberto
aos passos leves da morte

A paz peço
a paz apenas
o repouso da luta no barro das mãos
uma língua sensível ao sabor do vinho
a paz clara
a paz quotidiana
dos actos que nos cobrem
de lama e sol

Peço a paz e o
silêncio




Casimiro de Brito


Fotografia:
Yamamoto Ortiz, Mogi das Cruzes, São Paulo (Brasil)


Nota sobre o poeta: Nasceu no Algarve em 1938, e aí viveu até 1968. Estudou em Londres e depois de uns anos na Alemanha, foi viver para Lisboa. Teve diversas profissões, mas actualmente dedica-se apenas à literatura. Começou a publicar em 1947 e desde então foram mais de 40 títulos. Esteve ligado a importantes movimentos de poesia do séc.XX, dirigiu diversas revistas e ganhou vários prémios. Foi vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores e director de festivais internacionais de poesia. Tem também traduzido poesia de várias línguas.


5 comentários:

Anónimo disse...

...paz...silêncio...frutos...música...sementes...vento...

...paz...chuva...rosto...pão...

...paz...madrugada...ovo (voo?)...morte...

paz...apenas...repouso...luta...mãos...vinho...clara...quotidiana...lama...sol...

...paz...silêncio...

A complexidade das coisas belas e simples...

Claudia Sousa Dias disse...

e a vida.


csd

Luis Beirão disse...

Paz apenas, que também é bem necessária. Se não tivermos momentos de paz, como podemos nós encarar a luta?

Bjs

Claudia Sousa Dias disse...

é verdade.

mas cabe-nos a nós procurá-la e cultivá-la como quem lavra a terra, para fazer o pão.


csd

Claudia Sousa Dias disse...

feliz Natal, para ti, querido amigo.

e com isto, recolho-me ao silêncio marítimo do meu "búzio"

com sophia.


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