e o silêncio
A paz dos frutos
e a música
de suas sementes
abertas ao vento
Peço a paz
e meus pulsos traçam na chuva
um rosto e um pão
Peço a paz
silenciosamente
a paz a madrugada em cada ovo aberto
aos passos leves da morte
A paz peço
a paz apenas
o repouso da luta no barro das mãos
uma língua sensível ao sabor do vinho
a paz clara
a paz quotidiana
dos actos que nos cobrem
de lama e sol
Peço a paz e o
silêncio
Casimiro de Brito
Fotografia: Yamamoto Ortiz, Mogi das Cruzes, São Paulo (Brasil)
Nota sobre o poeta: Nasceu no Algarve em 1938, e aí viveu até 1968. Estudou em Londres e depois de uns anos na Alemanha, foi viver para Lisboa. Teve diversas profissões, mas actualmente dedica-se apenas à literatura. Começou a publicar em 1947 e desde então foram mais de 40 títulos. Esteve ligado a importantes movimentos de poesia do séc.XX, dirigiu diversas revistas e ganhou vários prémios. Foi vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores e director de festivais internacionais de poesia. Tem também traduzido poesia de várias línguas.
5 comentários:
...paz...silêncio...frutos...música...sementes...vento...
...paz...chuva...rosto...pão...
...paz...madrugada...ovo (voo?)...morte...
paz...apenas...repouso...luta...mãos...vinho...clara...quotidiana...lama...sol...
...paz...silêncio...
A complexidade das coisas belas e simples...
e a vida.
csd
Paz apenas, que também é bem necessária. Se não tivermos momentos de paz, como podemos nós encarar a luta?
Bjs
é verdade.
mas cabe-nos a nós procurá-la e cultivá-la como quem lavra a terra, para fazer o pão.
csd
feliz Natal, para ti, querido amigo.
e com isto, recolho-me ao silêncio marítimo do meu "búzio"
com sophia.
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