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Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu Inverno
da carne repousando em suor nocturno.
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Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
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Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
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Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
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Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
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A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
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Jorge de Sena
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Nota: Mais um poema belíssimo cujo conhecimento, tal como o anterior, devo a indicação de alguém. É bom ter pessoas a quem queremos bem, e que podem e sabem mostrar-nos coisas lindas. São essas pequenas coisas que também contribuem para a nossa felicidade.
Fotografia: Ulrika Bengtsson, Umea (Suécia)
8 comentários:
e é nesse conhecer que sinto o sal da pele que transpira vida...
É belíssimo Dal,
Conheço que "todo o sal" "é só teu" e "é de mim em ti" e "de ti em mim"... esta passagem é excelente.
Bjs
Belíssimo poema o do Jorge de Sena e as tuas palavras para quem te deu o conhecer esse poema.
Beijo
L.D.
Este poema é mais uma obra prima... De facto, o sal... "de mim em ti" e "de ti em mim" é belíssimo!
Uma óptima oportunidade de degostar o "sal" que a poesia nos pode oferecer...
Beijinho
Olá Luis,
Vou aproveitar este teu último apontamento do teu Blog para te saúdar.
Um abraço,
Jose Miguel
L.D.,
Palavras inteiramente merecidas. É nosso dever agradecer a quem faz a beleza (sob qualquer das suas formas) entrar no nosso dia-a-dia.
Ana,
A poesia, a arte em geral de facto (bem como todas as manifestações de amor, das quais faz parte a arte) podem bem ser o sal das nossas vidas...
Miguel,
Obrigado pela visita (e por tudo o resto)
És sempre bem vindo, tal como as tuas sugestões ou críticas, se as tiveres.
Um abraço.
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