16 setembro 2016

POEMA DE AMOR


Tambien, como la tierra
yo pertenezco a todos.
no hay una sola gota
de odio en mi pecho. Abiertas van mis manos

esparciendo las uvas en el viento

(Pablo Neruda)


quando eu voltar a ver a luz do sol que me negam 
amor
iremos
de paz vestidos
entretecer um sorriso de flores e frutos 

abraçados
por caminhos-serpentes ágeis
trepando dos montes às estrelas
e aos sonhos cintilantes
iremos


cantando também, cantando
todas as canções que sabemos e não sabemos.

quando eu voltar a ver a luz do sol que me negam 
amor
iremos
pois iremos breves chorar
nas sepulturas sem fim 

dos homens sem fim que partiram assim
sem óbito nem combaditocua


sem esperança da luz do sol que nos negam

iremos, amor
dizer-lhes
voltei 

e voltamos
porque nos amamos
e amamos
as sepulturas sem fim dos homens sem fim.


quando eu voltar a ver a luz do sol que me negam 
lábaros erguidos:
- a liberdade é fruto da colheita - 
amor
iremos
colher maçarocas e cores
aos mortos ofertar ressurreição e flores

aos vivos a pujança da nossa vida 
amor
iremos
desenhar no papel celeste um arco-íris 

para nosso filho brincar:
chuva vem chuva vai

senhora da conceição 
chuva pra lavra do pai
manda sol não

iremos, sim, amor iremos 
quando eu voltar
- as grilhetas desfeitas - 
e cingidos faremos
a vida irrefragável medrar
na dádiva serena das colheitas
no pipilar dos pássaros maravilhados
no caminhar dos homens regressados 

nos hossanas das chuvas na terra renascida 
nos confiantes passos da gente decidida 
amor.

vestirá a terra fímbria de nova cor 
de beijos e sorrisos a vida teceremos 
e entre algodoais sem fim
e batuques de alacre festim


iremos 
amor.


António Jacinto

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