27 julho 2015

AS PALAVRAS



São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?




Eugénio de Andrade

2 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

Voltaste a postar poesia. Que bom. Também será espectacular se voltar a ver alguma coisa escrita por ti.

CSD

Luis Beirão disse...

CSD, veremos, mas sim: agora é hora de usar o tempo para fazer algo liberto de todo e qualquer constrangimento prático, abreijos!


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