Que é do anjo das asas rutilantes
Com que lutou Jacob, na madrugada?
Que é desse outro, de falas sussurrantes,
Que surgiu a Maria, a fecundada,
Tão casta e sem pecado como dantes?
Que é da estrela, pela mão de Deus lançada
A guiar os incertos caminhantes
Ao colmo da cabana consagrada?
Onde estão os sinais que Deus envia?
Onde estão, que os procuro noite e dia
Sem nunca ver cumprido o meu desejo?
Não os vejo e não sei se eu, que os procuro,
Os não encontro porque sou impuro,
Ou sou impuro porque os não vejo.
Reinaldo Ferreira
4 comentários:
ou não se é por e simplesmente, ou se é tudo e em tudo em nada e volta-se a não o ser.
Olá Dal,
Somos impuros, e por isso não vemos milagres, ou o facto de não vermos milagres é que faz de nós impuros?
Parece retórica, mas tem que se lhe diga. Enquanto a primeira formulação (somos impuros e por isso não vemos milagres) é mais introspectiva, a segunda formulação (em que o facto de não os vermos é que, automaticamente, faz de nós impuros) remete mais para uma questão de aparência, e tem implícita inclusive uma crítica bem premente. Na verdade, neste jogo de palavras, es´~ao em confronto, na minha opinião, duas posturas face à religião. Sê-lo, ou parecê-lo?
Bjs
Gostei do anjo das asas rutilantes e transparentes. O do poema e o da foto.
beijo
O poemita é interessante Cláudia... Quanto à foto, já tem aí algum photoshop em cima.
Bjs
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