Naquela tarde eu contemplava, ansioso,
A lua das marés:
Ia ver um fenómeno curioso,
Pela primeira vez.
Desde as sete horas que eu me achava pronto,
Pois vinha no jornal
Que se daria, às sete e meia em ponto,
O eclipse total.
E a lua, a pouco e pouco desmaiando,
Sumia-se no ar,
Como se um monstro a fosse devorando,
Na sombra... devagar...
Um moço poeta, rouxinol das praias,
Um óculo ofereceu,
A ti, meu casto Ptolomeu de saias,
Geómetra do céu!
Ah, bem dizem as lendas, os adágios,
E as bruxas do Sabá,
Que os eclipses da lua são presságios,
Sinais de coisa má!
António Nobre
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