07 agosto 2006

AGRICULTURA


O sono não vem,
Mas também,
Se não vem mais nada...!
A mente, aquilo que tem,
Não o quer dizer a ninguém,
Muito menos ao papel
Que repousa aqui à minha frente.
Soluços e murmúrios,
Que gritos não servem para exprimir os abismos
Que contemplo...
E vou soluçando,
E vou murmurando assim,
Lentamente, no papel.
Agonizando...
Apercebo-me agora claramente
Da artificialidade das palavras.
São precisas mil e uma unidades
E várias conexões
Para exprimir uma leve aproximação
Àquilo que é suposto transmitirem...
Não importa.
Nada mais importa.
A minha mente parece
Um terreno estéril e árido,
De onde foi sugada e drenada
Toda a vida,
Onde todas as palavras e conceitos
Cresceram, abriram em flor,
Deram fruto, e amadureceram.
E depois veio o Outono
E, com ele, a altura da colheita.
E o lavrador, ávido de frutos,
Não deixou nenhum para semente...
Pois bem, se o campo não dá frutos,
Ao menos que cresça nele a erva daninha...!


Luis Beirão

2 comentários:

Anónimo disse...

Vamos dar início à sementeira...

Anónimo disse...

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