28 maio 2009

CARTA DE UM CONTRATADO


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Eu queria escrever-te uma carta
amor

uma carta que dissesse
deste anseio
de te ver
deste receio de te perder
deste mais que bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
uma carta de confidências íntimas
uma carta de lembranças de ti
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como macongue
dos teus seios duros como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
que recordasse nossos dias na capôpa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucura
da nossa paixão
e a amargura nossa separação...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
que a não lesses sem suspirar
que a escondesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kieza
que a relesses sem a frieza
do esquecimento
uma carta que em todo Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
uma carta que te levasse o vento que passa
uma carta que os cajus e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que se o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levasse puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor...

Eu queria escrever-te uma carta...
Mas ah meu amor, eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem
que tu não sabes ler
e eu - Oh! Desespero – também não sei escrever!




António Jacinto
Fotografia: Andrew Mogridge, East London (África do Sul)



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Nota sobre o poeta: António Jacinto do Amaral Martins, nasceu em Luanda mas viveu a juventude no Golungo Alto (Angola), em 28 de Setembro de 1924. Frequentou estudos liceais em Luanda. Foi funcionário de escritório. Devido ao seu envolvimento político, esteve preso no Tarrafal, Cabo Verde, de 1960 a 1972. Foi transferido para Lisboa, em liberdade condicional, onde trabalhou como técnico de contabilidade numa empresa transitária (Armaud). Fugiu em 1973 para lutar pela independência de Angola, aderindo ao MPLA. Após a independência, foi Ministro da Cultura de 1975 a 1978. Morreu em 23 de Junho de 1991.

25 maio 2009

QUARTAS MALDITAS - ROSAS BRANCAS PARA ALICE


Quarta (dia 27 Maio) 22 h
Clube Literário do Porto
(clicar para ver contactos e localização)

Tema: Rosas Brancas para Alice
(poesia sobre rosas com a presença de Rosa Alice Branco)


Colaboradores:
Amílcar Mendes; Anthero Monteiro (coordenador); António Pinheiro; Isabel Marcolino; Luís Carvalho; Mário Vale Lima; Marta Tormenta, Rafael Tormenta
; Rosa Brandão (piano)

Poesia. Música. Conversa.
Entrada gratuita.

21 maio 2009

BASTAVA-NOS AMAR


Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? E o que nele se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.

Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.

Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava.
Bastava respirar

a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.

Fazer amor contigo, sobre a areia.



Joaquim Pessoa

Fotografia: Anónimo (R. Unido)

19 maio 2009

POESIA DE CHOQUE - SESSÃO Nº5


Quinta (dia 21), 21.30 h, no Clube Literário do Porto

"A poesia não tem que ser a dos prémios nem das honras nem das solenidades. Vamos tratar da poesia que incomoda, que se diz e se escreve a gritar, da poesia que vai contra a norma, da poesia daqueles que não se conformam com um mundo único e irreversível. Vamos tratar da poesia que fala do amor mas não o amor ingénuo e previsível, do amor como urgência do ser humano íntegro e integral. Vamos tratar da poesia que fala da liberdade sem limites, absoluta, da liberdade livre da criação."

Projecto de A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho.
Música por Carlos Andrade.
Apareçam, se puderem.

Mais informações ao clicar AQUI

12 maio 2009

POESIA NO AR - CANTAR UM MÊS DE GIESTAS

Sessão nº7 ( clique na imagem para ampliar)Sexta dia 15, pelas 21.30 h - Ar de Café
Poesia. Música. Conversa.

O Ar de Café fica na Rua de Goa nº 109, em Ermesinde (a cerca de 4 km da Areosa-Porto). Para saber onde fica e outras questões: m.nogueira85@gmail.com
Ou então, ver um mapa de como chegar ao clicar
AQUI

ONDA POÉTICA - ROSA ROSAE


Sessão nº124
Quinta, 14 Maio, 21.30 h
Sala das sessões da
Junta de Freguesia de Espinho



Poesia sobre rosas e Rosas... folhas, caules, raízes e espinhos.
Leitura de poemas pelos participantes
Interlúdios musicais: Grupo de Baladas Nostalgia

Para ver morada e contactos da Junta, clicar AQUI
Para ver localização na cidade de Espinho, clicar AQUI
Para ver horários de comboios a partir do Porto ou Aveiro, clicar AQUI

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